dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria” (Lc 17,5-6).
A perícope evangélica de Lucas 17,5-10 nos exorta sobre a nossa postura diante da Palavra e a radicalidade em assumir o projeto do Reino de Deus.
Os discípulos de Jesus são convocados à adesão autêntica e corajosa ao seu projeto salvífico. Tal adesão, nós a chamamos “fé”.
Todas as pessoas que se assumem como discípulas missionárias de Jesus se comprometem com o anúncio do Reino, presente nos corações e na sociedade, e devem se dispor conscientemente ao comportamento dos que pertencem a Deus, consagrados por Ele e para Ele como testemunhas de seu amor redentor.
Como separados para o seu serviço, os discípulos missionários encontram no Mestre o exemplo da humildade e disponibilidade e procuram viver o “ministério” como sinal eloquente de um amor maior, por isso, a chave de leitura está no versículo 10: “somos servos inúteis; fizemos o que deveríamos fazer”.
Os discípulos de Jesus foram exortados à radicalidade do seu caminho, bem como dos jogos de interesses que apareceriam em vários seguimentos, mas o amor é o élan vital que os manteria unidos no mesmo ideal. Quanto a isso, é preciso acreditar!
A fé é a adesão à pessoa de Jesus. Em Jesus, os discípulos confrontam o projeto apresentado com as próprias idéias e sentem a necessidade de purgar os interesses pessoais em detrimento do Reino, cuja força se manifesta na pessoa de Jesus, Verbo encarnado, Deus presente na história dos homens e mulheres. Não é um caminho fácil, de opção livre e descomprometida, mas exige decisão pessoal e radical, assumindo Jesus de forma incondicional.
Dessa forma, Jesus ensina aos discípulos que a fé é força necessária para o seguimento e à sua vivência “tudo é possível”, até mesmo a transformação dos próprios interesses em vista do primado do Reino. A pessoa que experimenta o amor do Senhor faz experiência da sua verdade e do seu amor, deseja segui-Lo e livremente se decide pelo Mestre, é fortalecida pela Graça divina e diante dos desafios não teme dar-se a si própria como sinal de entrega e testemunho de fé.
O discípulo missionário de Jesus é convidado a uma atitude de fé e por sua dedicação ao Deus da vida coloca em prática o ensinamento maior: “que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10), vida apresentada como salvação e gesto salvífico para tantos que peregrinam à margem da história.
A fé na pessoa de Jesus nos leva a repensar nossa vida e, neste tempo de eleições, nos faz observar se fomos coerentes com os sinais da vida apresentados pelos candidatos aos cargos políticos. Ao mesmo tempo, diante de tais sinais a nossa corresponsabilidade em promover o bem comum, aplicando com coerência cristã e honestidade nossos votos em prol da sociedade, onde está presente a semente do Verbo.
Que nossas atitudes correspondam de fato à prática da fé que vivemos e queremos testemunhar.
Diante disso, ainda precisamos pedir: “Senhor, aumenta nossa fé!”.
Pe. José Luís, scj
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