Você já sabe que amar é dar´se ao outro integralmente, gratuitamente, para construí´lo. É a essência da vida a dois e o fermento que faz o casal crescer. Mas, para que você possa dar´se a alguém, livremente, você precisa possuir´se; ser senhor de si mesmo.
As pessoas transformam o amor em egoísmo porque não têm o domínio de si mesmas,
e não conseguem dar´se, mas apenas tomar e receber. A grande crise do homem moderno é que ele dominou o macrocosmo das estrelas e o microcosmo das bactérias e dos átomos, mas perdeu o domínio de si mesmo. Não é mais homem!
O senhor do mundo perdeu o controle de si mesmo e geme sufocado sob o peso daquilo que ele criou com a beleza das suas mãos e da sua inteligência. É um escravo da matéria que domesticou! Podemos dizer que há uma desintegração do homem porque ele permitiu que a matéria tomasse a primazia do espírito sobre a sua vida. As descobertas e invenções da moderna tecnologia nos deixam extasiados, seja no campo da informática, da biotecnologia ou da medicina. No entanto, esse homem fantástico que dirige o universo, não consegue dirigir´se a si mesmo.
Como conseqüência disso assistimos os tristes flagelos das guerras, da fome, da violência, etc., que ainda pesam dolorosamente sobre tantos.
Não há dúvida de que todos esses problemas já teriam sido resolvidos se o homem tivesse o domínio sobre si mesmo e permitisse que o amor guiasse os seus passos. Não falta comida para todos, não faltam recursos materiais e naturais para sanar os problemas atuais, o que falta é o homem devidamente construído; caminhando de pé, como Deus o fez. Como muito bem mostrou Michel Quoist, no seu belo livro “Construir o Homem e o Mundo” (Livraria Duas Cidades, 1976, SP, 26ª edição), o homem está escravizado pela própria matéria que ele domesticou, e seu espírito agoniza...
O que será o homem sem a primazia do espírito? Um escravo, escravizado pela própria tecnologia que desenvolveu. Não é somente hoje que isto ocorre. Em proporções diferentes a História Universal mostra que as civilizações caíram (Roma, Grécia, Bizâncio,...) muito mais pelo próprio apodrecimento interior do que por causa das invasões exteriores. O inimigo externo vence quando o interior está corroído em vista da agonia do espírito sob a matéria. Todo o progresso atual é belo e necessário, mas é preciso resgatar o homem como Deus o quis. Quanto maior for o sucesso do homem, mais a sua espiritualidade precisará crescer para não sucumbir ou se deixar cegar pelo brilho das suas descobertas.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
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