A jovem chegou à grande
capital e se instalou.
Vinha de uma pequena cidade do
interior do estado para estudar e trabalhar.Durante os primeiros dias, as andanças para ver as questões de matrícula, a busca por um emprego, a procura de um pequeno apartamento para morar lhe tomaram as horas até a exaustão.
No entanto, depois de algum tempo, já instalada em seu minúsculo apartamento, com poucos móveis, começou a ouvir a vizinhança.
Eram vozes que vinham dos andares de baixo e de cima. Vozes de crianças e de adultos.
Vozes que significavam vida ao seu redor.
Precisando estudar, pois o seu intuito era de se preparar para o próximo vestibular, ela buscou se isolar de tudo.
Entretanto, um ruído que vinha de um prédio próximo ela não conseguia anular.
Era o som insistente de um piano.
Há horas sempre certas, ela podia ouvir.
Não eram músicas, sonatas ou sinfonias.
Era, sim, um contínuo exercício no teclado.
Pareciam escalas e mais escalas repetidas. Estranhamente, todos os dias, os longos exercícios se repetiam.
Passaram-se os meses e, um dia, pensou a jovem: pobre coitada desta criatura que deseja se tornar pianista.
Pela continuidade e repetição dos mesmos exercícios, nunca deverá passar disto.
Será uma criança com dificuldades de aprendizagem?
E o som passou a ser seu companheiro enquanto estudava.
Certa noite, um amigo a convidou a ir ao teatro.
Afinal, ela já estava há meses na capital e somente vira a soberba construção por fora.
Haveria um concerto musical com consagrada pianista.
A jovem exultou. Depois de tantos meses de estudos e trabalho que reduziam a sua vida a um ir e vir da escola para a fábrica e para o apartamento, ela ficou feliz em ter um raro momento de lazer.
E, especialmente, um espetáculo que prometia ser muito bom, conforme lhe falou o amigo.
O concerto foi maravilhoso.
A pianista era uma senhora de certa idade e que demonstrou, durante pouco mais de uma hora, ser uma virtuose do precioso instrumento.
Após ser muito aplaudida, ela se recolheu ao camarim e a jovem conseguiu, através do amigo, chegar até a distinta senhora para cumprimentá-la.
Qual não foi sua surpresa ao descobrir, em curta conversa com a artista famosa, que ela era a sua vizinha de prédio.
Aquela mesma que passava horas e horas, todos os dias, a exercitar escalas e mais escalas musicais.
E concluiu a pianista: para manter a agilidade dos dedos e interpretar com propriedade os grandes compositores, de forma alguma posso abandonar os cansativos exercícios diários.
Não é diferente na caminhada com Jesus.
Não podemos abandonar os primeiros ensinamentos.
Amém???
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