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terça-feira, 6 de julho de 2010

Amar sem Amor

Continuação do texto anterior, O verdadeiro amor...

Cometeu esse crime contra sua alma, contra seu amor.
E assim, tentou amar sem amor, enganava-se como podia.
Deu-se,
mas jamais conseguiu entregar-se. Recebeu carinhos que lhe causavam repugnância e buscou prazeres que lhe chegavam com o triste sabor de desgosto.
O problema é que todos em volta estavam felizes com a chegada do doutor.
Suas amigas o achavam maravilhoso.
Ele era um cara legal, aberto, culto, rico e engraçado.
Sua gentileza encantava as mulheres e não provocava os homens.
Ele era ideal para todo mundo, mas não para ela!
A cada gesto dele, ela via o outro. A cada beijo, ela sentia o gosto do outro.
A cada tentativa de fazer amor, ela se contorcia de agonia: sua alma não atendia aos apelos unânimes que vinham de fora!
Amar sem amor é mais difícil do que se enterrar vivo!
O fato é que se casaram assim mesmo! Dois anos depois que ela estava de miséria absoluta. Agora nem mais a bela estética ela via nele.
O doutor se transmudara num gari cheirando a lixo em sua alma.
Para o médico sobrara um lixo de um coração de mulher que não se deixou vencer pela média e nem se fez cidadã da comunidade dos que pensando que um dia amaram, apenas trocam de amor como quem muda de meia.
O coração da mulher era vítima de um amor que nunca morreu, nem morreria e que se "rendera" apenas porque importava agradar a todos, e era essencial buscar a normalidade. Cinco anos depois ela sentia dores maiores que as saudades que um dia matavam pela ausência do seu amor que partira para uma terra distante.
A combinação da saudade do outro com a presença do doutor, que dela demandava amor e sinceridade, haviam se tornado piores que qualquer inferno de antes.
E agora? Casara-se com um "ideal" e vivera para atender a demandas de "normalidades" que obrigavam a casar sem paixão, a amar sem amor, e a esquecer aquele que nela vivia.
O conselho do livro de Cantares é para que não se tente acordar o amor "até que este o queira".
Isto porque, uma vez acordado, o amor torna-se "mais forte que a morte e as muitas águas não pode afogá-lo".
Nesse caso, uma horrível saudade dói menos que a melhor companhia.
O doutor e ela que o digam. Seu coração também não encontrará descanso em nenhum braço que não seja o do amor de Deus.
Para a mulher foi a morte ter que dar-se a quem não queria.
A medida que vivo, aprendo coisas simples.
Histórias como estas me ensinam muito.
Entre essas coisas que essa tragédia me ensinou, há uma em especial:
A alma nem sempre ama assim, mas quando assim ama, nem a morte curará dessa doença.
O que lhe resta é descansar no amor de Deus, e não nos homens, e, aqui falo de homens e mulheres, pois em nenhuma outra substituição haveria paz ou conforto.
Eu disse muitas coisas mais a essa mulher tão diferente de suas amigas e amigos.
Mas entre tantas lhe falei também que era melhor que ela se desobrigasse dessa normalidade de amar sem amor, do que se estuprar todos os dias a fim de agradar a seus "amigos normais".
Gente como essa mulher não cai de árvores!
São frutos raros e são proibidos!
Quem comê-los, sofrerá a morte!
E quem em sendo como ela e em sendo assim deixar-se levar pelos apelos da normalidade, sofrerá. Ninguém pode servir a dois amores!
No caso de homens amarem assim, pode-se ter certeza: é porque foram irremediavelmente atingidos pelo amor, do contrário, não suportariam entregar-se tanto.
Homens são fracos nesse tipo de amor.
Ora, esse tipo de paixão que perpassa os anos e que não envelhece, é rara. Mas quando acontece, nem a distância consegue encontrar rugas nele. É mais forte que a morte. Nenhum homem pode "separar" tais seres. Muito menos a distância ou a calamidade. Mesmo que nunca mais se vejam, jamais deixarão de se encontrar nos aposentos do coração todas as horas do dia e da noite. Visitar-se-ão em sonhos e terão pesadelos acordados e também de olhos abertos.
Quando é assim, o melhor a fazer é buscar paz e satisfação no privilégio de ter conhecido o amor.
O próximo passo é mergulhar de cabeça no consolo da presença de Deus.
A tentativa de substituí-lo por conta própria é pior que um câncer para a alma.

Fonte: O divórcio começa no namoro
Pr. Edson A. de Sousa
Amém???

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